31 julho 2007

Maratona da vida...

Passam os dias, passa o tempo, passa a hora...
A vida corre através do sol e da lua, do dia e da noite, do inverno e do verão, das alegrias e das tristezas. Cansado, desgastado (mas não derrotado) percorro kilometros atrás dela, ao sabor ou contra o vento. Passo por pontos de controle, abasteço-me da água da felicidade que me dá mais energias para continuar a minha maratona. Ganho força num sorriso de um amigo, num momento de calma ou na felicidade daquele que a merece. Atravesso desertos de maus momentos sem vislumbrar um oasis, percorro caminhos empredados na hipocrisia, deslealdade, maldade de outros corredores. Passo por estradas planas de alcatrão sólido ao final de uma tarde com aquela brisa amena que dá um gosto tremendo de continuar. Aquela brisa da amizade, amor ou sinceridade.
Como podem ver, a maratona que diariamente percorremos é feita de bons e maus caminhos. Mas como em tudo na vida, eu é que decido qual o caminho que vou percorrer. Não estou imune à possibilidade de me perder "on the road" e passar por tormentas. Já aconteceu e vai continuar a acontecer sempre. Mas quando decido ir por ali e não por além, faço-o com a consciência de que estou a ir por aquela estrada de alcatrão, à procura daquela brisa tão suave e resfrescante.
Chego á conclusao dia após dia, hora após hora que esta decisão que tenho que tomar em cada passo que dou é sempre a decisão mais correcta. Acredito que por mais que ponderemos, as nossas decisões são tomadas na esmagadora maioria com o grito do coração e muito raramente com a voz da razão.
O que estará certo? Não sei a resposta e acho que nunca vou descobrir.
O que sei e quero? Sei que um dia quando chegar à meta da vida, o meu coração vai estar cansado de tanto correr... Mas quero que ele sobreviva a todas estas tormentas.
Por isso, façam aquilo que eu também tento fazer...

Tratem bem do vosso coração para que ele consiga chegar ao fim da corrida...

27 julho 2007

Leziria relaxante...Gente boa!

Sexta-Feira! Finalmente! Como anseio este dia…
Como anseio viver toda a minha essência, reviver a matéria de que sou feito, relembrar valores que se perdem nas grandes cidades com as chamadas “grandes pessoas”. Sim, porque a mentalidade do portuga tenta demonstrar que as pessoas que vivem nas grandes cidades são mais inteligentes, são mais instruídas, são melhores pessoas.
Ainda bem que assim continua a mentalidade. Porquê?
Porque desta forma o país centralizado nesta Lisboa evolui a olhos vistos…
Porque as pessoas que vivem em Lisboa são mais inteligentes e fazem da Câmara da capital e do seu governo o caos que é.
Porque o meu vizinho passa por mim na escada e permanece em silêncio, vira a cara ou baixa a cabeça.
Porque saio à rua e tenho um banco de um jardim para poder repousar e olhar o horizonte do prédio da frente.
Porque se convive com o próximo com uma cumplicidade extraordinária.
Porque, porque, porque….
Desculpem meus leitores; bem sei que existem excepções que confirmam esta regra. Mas não se iludam.
O stress, esta vida desgastante, a hipocrisia, a arrogância, a solidão, o egoísmo são características desta grande cidade. São estas que são as melhores pessoas do mundo? As mais inteligentes? Que vontade de rir…
Por isso, dentro de duas horas, agarro no meu carro e vou para o campo, deserto ou fim do mundo; para o pé dos campónios, daqueles que nunca estudaram, daqueles que não sabem ler ou escrever, daqueles que convivem com todo o tipo de pessoas, daqueles que se orgulham aonde pertencem, daqueles que dão sem pedir nada em troca. Daqueles que riem e choram connosco.
Vou para o meio do nada. Onde não há shoppings, onde há pássaros de todas as cores, onde se diz “bom dia” com um sorriso no rosto e onde amanhã por esta hora estarei sentado num banco do jardim a olhar a lezíria…
E que feliz já estou por pensar nisso! Porque eu sou um deles com todo o orgulho do mundo.

E por acaso até consigo ler e até consigo escrever qualquer coisita…. Pelo menos isso!

10 julho 2007

O sonho comanda a vida?

"Eles não sabem que o sonho é uma constante da vida, tão concreta e definida como outra coisa qualquer..." escreveu António Gedeão e canta Pedro Barroso.
Como outra frase qualquer, não é realista esta afirmação.
Como outra coisa qualquer, o sonho nunca é definido e muito menos concreto.
A vida comanda-nos a nós, como qualquer velejador comanda o seu veleiro.
Os sonhos são simples ventos, moderados ou fortes, que nos abalam ou embalam numa expectactiva de extâse por vezes fictícia, por vezes ilusória, por vezes dolorosa e turbulenta.
Ao longo da nossa viagem marítima (a vida), navegamos muito poucas vezes em águas calmas e suaves onde se vê o fundo do mar claramente, onde os peixes sorriam, onde as estrelas do mar se apresentam nas mais diversas formas. Vulgarmente chamamos a isto paz e felicidade.
Pelo contrário, passamos a maior parte das nossas léguas marítimas a navegar num mar revolto e picado, em ondas gigantescas, em tormentas que nos magoam, que nos consomem, que nos fazem perder o equilibrio. Olhamos para a turbulência do mar e não conseguimos ver nada. Nem o fundo, nem os peixes, nem mesmo uma estrela.... Olhamos para o céu e está escuro, negro... Não há uma luz que nos ilumine. A isto chamamos desgosto, dor ou sofrimento.
Os nossos sonhos são a bússola, a nossa bóia de salvação para quando caimos ao mar nesta longa viagem. São o escape para que a luz apareça e volte a brilhar com intensidade.
Como qualquer velejador, corremos de um lado para o outro a puxar as velas da nossa vida para a esquerda ou para a direita de modo a que a nossa embarcação se mantenha firme, recta e direccionada, independentemente do estado do mar. Para que os nossos valores não sejam alterados, para que nos sintamos bem.
Há 500 anos muitos deles, dos nossos navegadores conseguiram chegar onde queriam.
Há 500 anos muitos deles, passaram tormentas, dobraram cabos, chegaram aos 4 cantos do mundo, conquistaram vitórias e acima de tudo cumpriram os seus objectivos.
Hoje não posso deixar de acreditar que eu, navegando o meu barco através dos sonhos, passando tormentas, chegarei onde eu quero.

Quero acreditar e sentir que o sonho comanda a vida....

08 julho 2007

O tempo muda... o que será de nós?

De repente no meio do nada numa escuridão do silêncio, vem-me à memória o dia em que, de saco do lanche e de mão dada com a minha avó, percorri os breves metros que separavam a escola da casa onde vivia.
Lembro-me do primeiro dia de aulas tão claramente como se fosse hoje.
Lembro-me que não havia telemóveis e que era bom ao final do dia chegar a casa e poder saber das "aventuras" vividas pelos meus familiares durante esse mesmo dia. Agora? Não é possível isso. Se falta a luz, se caí uma gota de água, se partimos um prato sem querer, mandamos uma sms porque é importantíssimo que aqueles que gostamos saibam disto tudo no imediato.
Lembro-me que jogava à bola no meio da rua com os meus amigos até ao pôr do sol. Agora? Não é possível... Pode haver atropelamentos ou raptos. Lembro-me que me levantava de manhã e ia brincar para o parque e quando eram horas de almoço já tinha vivido "muito". Agora? Brinca-se as bebedeiras de noite e perde-se as manhãs.
Lembro-me que o meu pai juntou dinheiro e fez sacrificios para me comprar um computador. Agora? Oferecem-se carros porque se entra para a faculdade.
Lembro-me que ia a correr visitar um amigo a casa se estivesse doente. Agora? Acha-se que se tem muitos amigos e não temos tempo de os visitar a todos. Opta-se por não ligar a ninguém. Lembro-me que ir ao circo ou passear ao fim de semana eram momentos ansiados tão intensamente que não dormia na noite anterior. Agora? Quem vai ao circo ou passear?
Podia continuar infindavelmente a dar exemplos de muitas outras situações adjacentes a estas de como o mundo mudou, de como as pessoas mudaram. Para melhor? Nem pensar!
Hoje recordo com saudade o meu primeiro dia de aulas não porque era criança e era um mundo maravilhoso que se começava a desenhar á minha volta, mas sim porque havia prazeres da vida, sentimentos puros, respeito, lealdade, honestidade, pureza na maior parte da nossa vida. Agora? Não, de facto não existem estes sentimentos.
O ser humano de hoje não recorda com saudade o facto de ter sido criança. Desenganem-se! Recordamos com saudade o facto de que o mundo era melhor. De que existiam valores que hoje em dia são banalizados. De que existiam sentimentos que hoje em dia desfazem-se em cinzas. Revolto-me com isto porque não me enquadro na sociedade de hoje!
Revolto todos os dias com a maior parte das pessoas...
Já não se pode amar livremente sem problemas, já não se pode ter amigos sem cobranças, já não se pode viver sem ser acusado de...
Hei-de continuar a expressar a minha revolta!
Sou especial e não entro neste "jogo da vida".
Sinto-me diferente porque dou por mim a pensar... em todos estes momentos e... lembro-me de como era feliz!
Tenho esperança de encontrar a cada dia uma pessoa que seja assim. Felizmente encontrei alguém muito especial para mim pela energia positiva que me transmite e por me fazer sentir e lembrar destes valores. Espero que um dia...ela sinta o mesmo.

O que será de nós no amanhã se continuarmos assim?